domingo, 10 de junho de 2018

Entrevista com Érica Montenegro


Biografia


Érica Maria Silva Montenegro de Mélo (05/05/1981) é paraibana, mas vive no Recife desde 2004. Deixou Campina Grande para viver um grande amor, as alegrias de ser professora de escola pública no Recife e trabalhar com o acompanhamento pedagógico na Secretaria de Educação do Jaboatão dos Guararapes. Pedagoga (UFCG) com Pós-graduação em Psicopedagogia (UEPB) e Mestrado em Ciências da Linguagem (Unicap – PE), divide seu amor entre a sua família e seu trabalho com a educação. Professora de Biblioteca, na Escola Municipal do Coque, todos os dias alimenta sua paixão pelos livros de Literatura Infanto-Juvenil. Trabalha como professora do curso de Pedagogia e na Pós-graduação, vivenciando as alegrias do trabalho com a linguagem e as histórias para o público jovem e adulto. Participa como Voluntária/ Conselheira Consultiva da Empreende-ler – associação para o trabalho com empreendedorismo e contação de histórias. É contadora de Histórias e está se especializando em Literatura Infanto-juvenil.




Perguntas:

1-  Como surgiu o interesse por ser contadora de histórias?
A contação foi consequência da publicação do meu primeiro livro: De lagarta a Borboleta... Que transformação (Ed. Edificantes – Recife, 2007).
Comecei a ir nas escolas e na convivência com as crianças, senti a necessidade de começar a contar a minha história e de outros livros. Então fui fazendo isso e estudando, até que, quando vi, estava contando!

2- Como você escolhe as histórias que vai contar?
Na verdade, são as histórias que nos escolhem! Mas quando preciso definir eu me deixo guiar pelo propósito do momento e procuro aquelas que tem a ver com o que estamos fazendo. Mas sempre há espaço para contar aquelas que combinam com quem está ouvindo também.

      3-    Qual livro de história infantil sobre inclusão você indica para trabalhar em uma sala de aula onde há a presença de alunos especiais? E quais recursos utilizar?
É um desafio pensar em histórias assim, com uma temática. Mas eu gosto muito de Na minha escola todo mundo é igual (Rossana Ramos) Rodrigo enxerga tudo (Merkiano Charan Filho) e Como um peixe na água (Daniel Nesquens)


      4-    Ao contar uma história, você faz adaptações de acordo com a idade de quem irá ouvi-la?
Essa coisa da adaptação é bem delicada, porque, na verdade, o próprio leitor já realiza essas adaptações inconscientemente. Geralmente eu conto tal como a história é, tentando não comprometer o sentido, porque quando é uma boa história, ela vai chegar nos ouvidos do leitor do jeitinho que ele precisa, no caminho que ele trilhar.

      5-    Que tipo de história você gosta de contar?
Essa pergunta é bem inquietante, porque na verdade eu gosto de contar de tudo, desde que eu não precise memorizar o texto para declamar, porque minha memória não ajuda. Mas tenho um carinho especial pelos contos maravilhosos.


      6-    Você tem um livro de história infantil favorito? Qual?
Sim... Tenho vários! Mas livro é como paixão de adolescente: o novo sempre é mais forte! (RS!), então eu costumo dizer que tem alguns que ficam para sempre em nossa história. Acho que o meu preferido é A força da palmeira  (Anabella Lopéz)

      7-    Qual o maior desafio, para você, no momento de escrever histórias?
Há grandes monstros que assombram minhas histórias: a falta de tempo para me dedicar a elas e a dificuldade de encontrar editoras que se disponham a analisar originais de autores desconhecidos, como eu.
Mas o pior deles é a responsabilidade em escrever algo que seja impactante, que de às pessoas o prazer de ler.

      8-    Quais os livros que você já escreveu?  
     Publiquei três livros pelas Edições Edificantes do Recife: De lagarta a Borboleta: que transformação! (2007)Corrida Maluca (2009) Mistério no Sítio (2011). Em 2013 a Editora IMEPH publicou A Casa do Caracol.
     Em 2017 publicamos, em parceria com poetas, a Coletânea Pegadas da Escrita. Também foi publicado o conto O beijo no livro Palavras de Papelão, numa coletânea de textos de amigos, em cartonaria.
     Além disso, escrevo Literatura de Cordel, e tenho cerca de vinte títulos publicados.

     9-    Qual dica você daria para um professor que quer se tornar um contador de histórias?
     Primeiro ele precisa ser leitor. Ler é a primeira coisa para quem quer contar. A segunda coisa é ouvir, porque não é suficiente ser contador de histórias. A escola precisa também de pessoas que sejam mediadoras de leitura, que sejam capazes de ajudar as crianças a construírem sentidos e isso se pode fazer também quando se escolhe uma boa história para ler. A terceira coisa é procurar estudar, porque a formação para ser contador de histórias nos oferece a possibilidade de fazer um trabalho com qualidade e identidade.

    10-  Há diferença entre ler e contar uma história? Qual?
São muitas diferenças, inclusive esse é um conteúdo denso e diverso, porque muitas pessoas pensam ler e contar como sinônimos. Na verdade, ler a história requer uma “performance” diferente, porque a expressão corporal, a leitura do texto, a forma como se olha para as pessoas que estão ali, os gestos e as imagens que a gente vai construindo enquanto lê são diferentes de quando se conta uma história sem o livro. No entanto, gosto muito de enfatizar que, para se formar leitores, a leitura é, talvez, mais importante, que só ouvir a história. Mas as crianças precisam ter acesso a essas duas práticas, sempre! 

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